Um ato de coragem
#3 - Desafio 30 dias de escrita da Ana de Deus
Aos 32 anos Joaquim Carreira acabava de se tornar vice-reitor do Colégio Pontifício Português de Roma e iria desempenhar esse cargo durante quase toda a Segunda Guerra Mundial. Era um homem apaixonado por voar, “ver a terra do alto” e por fotografia, seguia com sentido de missão as tarefas que a vida eclesiástica lhe iam atribuindo. Ao longo da Segunda Guerra, enquanto o Vaticano seguia uma política cautelosa, de uma difícil neutralidade, Joaquim Carreira, vice-reitor do colégio, tomava uma posição corajosa. De acordo com o que deixou nos relatórios “Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas”. Acolheu muitos refugiados, professores, médicos, advogados, socialistas, pessoas que pertenciam ao exército italiano, mas que não concordavam com o sistema, políticos e civis, fascistas, antifascistas, judeus e não judeus, que estavam na lista de perseguidos. De acordo com testemunhas da época “Todos os que batiam à porta ele acolhia“, mesmo que não ficassem no colégio (como por exemplo as mulheres) encontrava soluções envolvendo outras instituições ou mesmo famílias nos arredores de Roma.
Uma das enormes dificuldades que enfrentou foi alimentar os que acolheu e deu a acolher, conduzindo o carro do colégio saía de Roma, furtando-se à vigilância dos soldados nazis e ia às aldeias vizinhas em busca dos alimentos. De acordo com o que relatou «Se não fosse o caminho percorrido pelos arredores de Roma a fim de adquirir mais barato o alimento para os habitantes do colégio, não sei o que seria. Conhecia moleiros, padeiros, leiteiros, agricultores e nessa altura tive de reforçar compras e fornecedores.».
Joaquim Carreira foi um dos inúmeros heróis que se colocaram em risco para salvar vidas durante a Segunda Guerra Mundial, nasceu no meu concelho em Souto de Cima.
Texto escrito no âmbito do desafio 30 dias de escrita lançado pela Ana de Deus, e em que participam Ana de Deus, bii yue, João-Afonso Machado, Jorge Orvélio, José da Xã, e Maria Araújo .