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Contos por contar

Contos por contar

30
Dez22

O calor do Natal

Cristina Aveiro

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Tinham sido dois anos de pandemia em que todas as tradições de Natal não se tinham cumprido. Juntarem-se todos na casa de uma das avós para aqueles dias tão especiais, com as decorações próprias de cada casa, as receitas e delícias de cada anfitriã fora algo de que todos tinham sentido a falta. Naqueles dois anos muitas coisas se tinham passado e durante bastante tempo muitas pessoas no mundo estiveram cientes de que o que mais importa é o que se vive, e não o que se tem, e naquela família esse sentir tinha ficado ainda mais forte.

As avós e os avôs estavam com menos energia, os anos são mais pesados para quem já tem muitos e todos notavam como se cansavam mais, como as suas dificuldades físicas tinham ficado maiores.

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Os filhos reuniram-se em conselho de duendes e decidiram que este Natal iam criar uma nova tradição. Este ano o Natal ia ser numa casa nova, que ia ser da família apenas enquanto lá estivessem. Decidiram que iam para Sul, para uma daquelas casas enormes pertinho do mar e da ria, para onde lhes era impossível ir no Verão, mas que no Inverno estavam sozinhas e tristes à espera de ser vividas. Tiveram de escolher uma que cumprisse o que sabiam que as avós iam gostar: cozinha grande com tachos enormes, lareira, …

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Quando a família se reuniu para combinar o Natal, os filhos disseram que este ano tinham uma prenda muito especial para todos: iam passar o Natal num lugar mais quente, numa casa grande com jardim e junto à praia. Os avós ficaram algo perdidos com a notícia, já tinham começado a pensar tudo com cuidado, as compras a fazer, as coisas a encomendar, … As crianças desataram a fazer mil perguntas: se iam ter presépio, quem ia fazer a decoração de Natal, se iam tomar banho no mar como no verão, … e já agora se o presente era ir para a casa junto ao mar, como ia ser com os presentes de Natal?

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Aos poucos todos foram acolhendo a notícia e começaram a fazer planos. As tarefas culinárias e de organização foram distribuídas por todos, deixando mais tempo a cada um e aliviando os avós das tarefas que sempre tinham assumido como suas. Como tinham também secretamente decidido que cada criança ia ter apenas um presente que fosse algo especial e desejado por ela, sobrava tempo e dinheiro face às buscas de muitos presentes de outros natais.

Quando partiram para a casa do Natal, havia uma mistura de alegria e confusão, afinal não ia ser nada como antes. Os avós tinham resistido a este plano, mas lá iam com os seus mimos natalícios na mala do carro e com roupas mais leves porque não ia haver frio, e quase de certeza não ia chover.

Quando chegaram ficaram todos encantados com a casa grande, branquinha, com a açoteia no topo de onde se via o mar, as janelas que davam para o jardim e para o telheiro da sala, a lareira,… Os adultos adoraram a simplicidade da casa, onde pouco tinha mudado desde quando há muito tempo tinha sido construída, as paredes caiadas, os tetos altos até ao telhado, o chão de tijoleira de barro vermelho amaciada pelo tempo, tudo mostrava que era uma casa idosa e feliz.

Começou uma azáfama para vestir a casa de Natal, presépio, decorações, …, na cozinha as várias equipas faziam as preparações para os pratos respetivos.

Quando tudo ficou organizado, e depois de um almoço simples, porque a ceia ia ser de consoada, saíram todos para aproveitar o sol, uns foram caminhar mais depressa a ver se conseguiam ir até à praia, os avós foram mais devagar aproveitar para caminhar no passadiço junto à ria e encher os pulmões daquele ar morno e cheio de aromas de maresia, dos arbustos das dunas, da ria, enfim, tão diferentes dos que tinham nos seus lugares. Notava-se os sorrisos nas pessoas idosas de outras paragens que passavam com mangas curtas e calções coloridos, embora usando agasalhos no tronco. Os avós observavam e notava-se que pareciam surpreendidos com aquela aparência ativa e coloridas daquelas pessoas que eram das suas idades e afinal pareciam bem mais novas.

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Os pequenos estavam encantados com a liberdade de terem a povoação e a praia quase sem ninguém. Podiam correr, andar por ali à vontade, quase não havia transito e só estavam lá os poucos residentes e alguns visitantes de países frios do Norte da Europa.

Quando o sol começou a ir-se embora, regressaram a casa, e todos já lhe chamavam a nossa casa, finalizaram-se as preparações da consoada envolvendo miúdos e graúdos.

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O ambiente natalício estava perfeito, com a fogueira, as decorações que tinham vindo na viagem e a azáfama de uma família feliz em noite de consoada.

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Este conto responde ao desafio da Isabel do blogue Pessoas e Coisas da Vida sob o mote "o meu conto de Natal" que já deu origem a duas coletâneas de contos pelas mãos da Isabel, do Zé do blogue Lados AB e a nossa ilustradora e escritora  Olga do blogue A cor da escrita

Gostava de partilhar com a Isa do blogue Um pássaro sem poiso, a Ana D. do green ideas, o Vagueando do blog Generalidades,  a Lúcia do Com um sorriso chegas ao infinito, o Casimiro do Folhas de luar,  a Oh da guarda peixe frito, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, o José da Xâ,  a Rute Justino, a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, João-Afonso Machado, A Marquesa da Marvila,  a bii yue e outros de quem gosto tanto ...

 

03
Ago22

Os Sapos do Meu Coração!

2 anos de Contos por Contar

Cristina Aveiro

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Esta família do sapal é algo que nunca esperei ter... Pensava sempre que só podemos sentir carinho, partilha e amizade quando nos conhecemos cara a cara, quando nos abraçamos com os braços e estamos juntos fisicamente. Neste lugar, que considero o Reino Encantado dos Sapos Verdes sinto tranquilidade, carinho e alegria, é por isso que cá venho sempre que posso.

Este tem sido um ano de caminhada muito diferente para mim, e as musas estiveram mais afastadas, mas o sapal continuou a ser o meu lugar.

Há um ano comemorando o primeiro aniversário fiz um balanço que agora reli! Acreditem que não tinha presente a quantidade de aventuras que vivemos juntos nesse ano. 

Neste ano escrevi e li pouco, mas houve dois momentos que mereceram a atenção do governo do Reino.

Destaque - No Reino Encantado dos Sapos Verdes-26-

Contos por Contar - Pag Principal do Sapo-Abril 20

Soube bem receber a atenção quando partilhei o que senti em Coz no lugar de magia da Adega das Monjas, mas mais do que tudo foi receber a vossa atenção e presença, sentir que estavam aí mesmo quando estive mais longe.

Sou muito grata por vos ter!

Sabem que mais, a pintura do Louis Wain fez-me sonhar com um grande encontro dos sapos do reino, numa praia de areia dourada a jogar um jogo qualquer, a conversar, brincar, fazer maluquices, sei lá! Ser criança, ser sapo, ser feliz convosco! Conhecer as vossas caras, os vossos abraços, a voz, as gargalhadas e suspiros, ...

 

 

 

29
Jun21

Um ano de Contos por Contar

Cristina Aveiro

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Iniciei esta aventura dos Contos por Contar em 7 de junho de 2020, criando um espaço para partilhar os contos que escrevi durante o primeiro confinamento. Nada sabia de blogs, apenas sabia que existiam, já tinha espreitado alguns sobre viagens e nada mais.

Foi muito bom ir aprendendo a forma de fazer as coisas e foi bom sentir que havia alguém do outro lado.

Passados poucos dias a 26 de junho fui surpreendida por a equipa ter destacado um post que fiz sobre O passeio de todos os dias, não tinha a noção do que seria um destaque, mas imaginei que tivessem gostado (nem fiz um print do acontecido). Depois começaram as surpresas porque apareceram pessoas que me foram desafiando para escrever e eu fui aceitando os desafios que consegui, gostei particularmente de "As melhores férias da minha vida" em 100 palavras. 

Para manter a sanidade no verão escrevi muitos contos e estabeleci o propósito de todos os sábados publicar um novo conto.

Veio o Natal e surgiu um novo desafio que me encheu a alma Os nossos contos de Natal - 2020 da Isabel e nessa altura comecei a sentir que fazia parte de uma bando de sapos muito especial.

Chegados ao final do ano de 2020 todos começaram a dizer que 2020 era um ano para esquecer, como se a simples mudança de ano mandasse embora todos os problemas que a pandemia tinha trazido, ou que 2020 tivesse sido um ano em vão. Como não concordo escrevi  O estranho ano de 2020 e para grande alegria minha foi destacado pela equipa e desta vez já fiz um print para me lembrar.

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Depois veio o terrível janeiro de 2021 e novo confinamento. Em boa hora a Fátima Bento lançou Desafio da Caixa dos Lápis de Cor e então senti-me mesmo num sapal de gente bonita que gosta de se desafiar, de se ler e comentar, de se amparar nesta aventura que é a vida. Confesso que estar neste sapal me tornou mais feliz e deu cor a estes tempos cinzentos.

Veio o Dia mundial da Poesia, 20 de março, e a equipa desafiou-nos a celebrar, eu escolhi O Sapo de Afonso Lopes Vieira um poema para crianças do livro "Animais nossos Amigos" que me trás das melhores memórias de criança, o amor à natureza, o respeito pelos animais, ... e fiquei muito contente quando a equipa deu destaque à minha escolha e depois comentou "Obrigado, Cristina, foi uma belíssima escolha. Fica como o nosso poema honorário da plataforma  ". Belo hino aos Sapos desta vida este poema.

Destaque Sapo - Dia Mundial da Poesia - Março 202

Nos últimos tempos não tenho tido tempo para este lado feliz da vida, foi de tal forma que até me esqueci de partilhar estas reflexões em jeito de comemoração do 1.º ano.

Nunca esperei que os contos chegassem a tantas pessoas e a tantos lugares, estou muito feliz com isso!

Vamos ver o que vem a seguir!

 

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