A Princesa Pequenina
Era uma vez uma princesa muito bonita que deixava todos encantados no reino com a beleza dos seus olhos verdes que pareciam azuis e com os seus caracolinhos loiros. Tinha uma pele branquinha com bochechas rosadas e estava sempre a sorrir.
Como era a única filha do rei e da rainha iria ser ela que um dia iria governar o reino.
A menina ia crescendo e mantinha o seu sorriso alegre e luminoso e os seus caracóis foram crescendo e formando uma farta cabeleira que parecia uma chama amarela a saltitar por onde a menina passava. A menina adorava divertir-se e rir, todos conheciam as suas sonoras gargalhadas que eram contagiantes.
Os anos foram passando e a menina foi crescendo, mas continuava pequenina, já era quase adulta, mas continuava a ser baixinha, elegante e pouco corpulenta. As pessoas começavam a preocupar-se pois sendo ela assim franzina, será que seria suficientemente forte para tomar conta do reino? Os reis costumavam ser homens fortes e altos, e ela ia ser rainha e era baixinha e elegante.
A menina nada sabia destas preocupações porque ainda se ocupava apenas a aprender, a ler, a compreender as contas do reino, a escrever e explicar as suas ideias para grupos grandes de pessoas, enfim tudo aquilo que os crescidos têm de fazer, em especial se tiverem de tomar conta de um reino.
O que a menina mais gostava de fazer era vestir-se de forma simples, levar comida para o caminho e passar o dia a caminhar pelos vales e montes do reino. Com ela iam sempre as suas damas de companhia e alguns guardas. Quando a menina começou com estas caminhadas as damas e os guardas quase não conseguiam acompanhar o passo rápido da princesa, mas com o tempo todos se tornaram fortes e não havia caminho que lhes metesse medo. Não importava se subiam altas montanhas, se tinham de ir visitar grutas e buracas, se iam ver as nascentes dos rios, as cascatas, os lagos e diz-se que até foram junto ao mar. A princesa seguia sempre na frente cheia de entusiasmo com as descobertas que fazia.
Aos poucos, no reino começou a saber-se que a princesa palmilhava todo o reino, conhecia aldeias e lugares e que mesmo as montanhas e vales sem gentes ela já tinha visitado. As gentes do reino admiravam-se por a princesa não andar montada no seu belo cavalo e preferir pisar o chão do reino com os seus pés, mas ela ia fazendo saber que só assim, mais devagar podia verdadeiramente ficar a conhecer os lugares e que também era importante saber o esforço que as gentes faziam quando percorriam a pé estes trilhos e caminhos.
A menina gostava de conversar com as gentes que encontrava no caminho, aprender sobre as suas vidas, os seus sonhos e os seus receios. Quando chegava a uma aldeia ou vila começava logo a correr a notícia de que a princesa tinha chegado e as pessoas vinham ter com ela trazendo flores, frutos, e procurando vê-la e conversar com ela.
Com o tempo a princesa ficou a conhecer tão bem o reino e as pessoas que nele viviam que até o rei lhe pedia conselhos sobre questões importantes que os governantes não sabiam, pois viviam o tempo todo em palácios.
No palácio a princesa gostava muito de cuidar das suas flores especiais que tinham vindo de um reino distante e eram frágeis e delicadas, adorava contemplar a Lua e as suas mudanças de tamanho, de forma e de cor. Trovão, o seu cão, era a sua companhia favorita e adorava falar com ele sobre tudo o que tinha aprendido em cada dia. Sem falar, mas escutando atentamente, Trovão parecia tudo compreender e o seu olhar e o seu “sorriso” bastavam para que a princesa pudesse sentir-se reconfortada.
O rei continua a reinar, cheio de força e saúde, mas todos no reino agora sabem que quando chegar o tempo da princesa reinar tudo irá correr bem porque mesmo sendo pequenina, a princesa é também forte e poderosa e está mais sábia a cada dia que passa.