Afinal quem foi Artur Pastor? Como podemos não saber?
Centenário em 2022
Se procurarmos quem são os maiores fotógrafos portugueses do século XX facilmente não nos aparece Artur Pastor… Como?
Nas décadas de 50 e 60 retratou de forma poética, intensa, cheia de humanidade e respeito e a raiar a perfeição a vida das gentes simples e pobres dos meios urbano e rural. Houve espaço também para fixar imagens dos lugares com beleza e intensidade, mas tocam-me a alma as das gentes.
O “poeta da fotografia”, “o homem da Rolleiflex”, viveu num tempo em que a fotografia era vista como uma arte menor, ou mesmo como não sendo uma arte. Nas suas palavras “(…) no limite preto branco, extorquir beleza, materializar uma ideia, surgida de motivos simples, aparentemente desaparecidos e impessoais, é sem dúvida fazer Arte.» mostra estar muito à frente na forma de encarar a sua Arte.
Procurei compreender a razão do “apagamento” de Artur Pastor da história da fotografia portuguesa do século XX e só o posso compreender à luz da mesquinhez e falta de análise imparcial do seu trabalho e do contexto. Aparentemente tudo se explica por ser visto como um “fotógrafo do regime”. Da análise do seu trabalho nunca se observam patrões, pessoas “importantes” ou outro tipo de vinculação a causas do dito.
Artur Pastor fotografou o trabalho, a dureza da forma de viver das gentes simples, a pobreza sem miserabilismo, a beleza de um país parado no tempo.
Foi disruptivo, o seu estúdio era a rua, o campo, a praia, … Lutou por partilhar o “seu olhar”.
Sou grata por poder ver o que me contaram os meus avós e pais através das suas fotografias ímpares.
Vale a pena ver as fotos que nos deixou, podemos espreitar aqui, ou ali, e em tantos sítios mais.