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Contos por contar

Contos por contar

08
Mar21

Porque eu posso!

Desafio comemorativo dos 7 anos do blog porque eu posso, da Sapo claro! What else?

Cristina Aveiro

Eu-porque eu posso.JPG

Quero continuar a escrever contos, receitas de cozinha, pensamentos alegres, tristes, sérios, tolos, o que me apetecer, porque eu posso.

A escrever sinto uma liberdade total, não tenho chefe, prazo, tutela, o que seja! Eu escrevo porque eu posso e como eu quero. Posso não escrever bem, mas isso que importa se ainda assim eu tiver prazer nisso? Posso tentar escrever mais e melhor, ou então escrever pouco e devagar.

Quero escrever coisas que ainda não sei, coisas que vão acontecer e que me vão levar a imaginar outras, num rodopio imparável que é a vida a acontecer, e o indomável e veloz pensamento a galopar. Vou regalar-me a inventar fantasias de mundos imaginados onde tudo é possível, desde prédios que andam, a vacas que voam, a pássaros que vêm da lua e a peixes que andam pelos bosques, e tudo isto porque eu posso. Que ninguém se atreva a impor regras, muros ou portas nesta vontade de fazer diferente do que há e do que está à nossa volta. De repente, pode não haver gravidade e passamos a levitar e não há peso, ou as pessoas começam a mudar de cor quando andam por aí como os camaleões.

Quero escrever sobre as pessoas, o que sentem, o que fazem, ou faziam no passado. Não quero agora escrever sobre pessoas que não sejam boas, neste mundo das letras não quero que haja maldade, e vai ser assim, porque eu posso!

Quero escrever sobre as perguntas do como e do porquê que me enchiam a cabeça quando era pequenina. Queria saber como eram feitas as coisas, como funcionavam os motores, as fábricas, a eletricidade, os aviões e como viviam os animais e as plantas aqui e em lugares distantes. Vou escrever sobre estas coisas, vou falar do que aprendi e aprender mais, porque eu posso.

Vou escrever para as crianças, para usar as histórias como forma de lhes transmitir valores de amor à Terra, às pessoas e aos animais.

Quero usar a escrita para deixar o Mundo um pouco melhor do que o encontrei, porque eu posso.

 

Texto escrito para a comemoração dos 7 anos do "porqueeuposso.blogs.sapo.pt" Sorteio dos 7 livros

 

16
Fev21

A princesa triste

Cristina Aveiro

Princesa Gorda.jpg

Era uma vez uma princesa tão gorda que só ocupava espaço, pelo menos era isso que as damas da corte achavam. A princesa era diferente, nunca se tinha interessado por bordados, vestidos, casamentos ou coisas que tais. A princesa gostava de ler, escrever e desenhar, mas poucas eram as pessoas da corte que o sabiam fazer. O monge que a acompanhava desde criança era um mestre de iluminura e desde cedo que a tinha ensinado a ler e a escrever, muito para além da sua missão de orientador espiritual, mas esta era a sua forma de dar alegria àquela menina que era tão triste.

A princesa adorava os pais, mas eles estavam muito ocupados a reinar e nunca estavam com ela. A princesa sentia uma grande tristeza e a tristeza fazia-lhe imensa fome, era como se o seu coração triste tornasse o seu corpo vazio e ela tivesse de comer para o encher. Quando lia e escrevia sentia-se um pouco melhor, mas a maior parte do tempo continuava triste.

Havia também alturas em que a deixavam ir para o campo andar a passear e montar a cavalo, aí também se sentia mais feliz e nessas alturas não ficava tão gorda.

 

Texto no âmbito do Desafio "Era uma vez uma princesa tão gorda que só ocupava espaço" da Ana de Deus

 

 

23
Jan21

As palavras têm sangue azul marinho !

Desafio Caixa dos Lápis de Cor - Azul Marinho

Cristina Aveiro

 

Tinta Permanente Azul Marinho.jpg

A menina já sabia desenhar bem as letras e escrevia com brio no seu caderno de duas linhas com o lápis bem afiado. Naquele dia a professora ia começar a ensinar a escrever com tinta permanente, era uma nova etapa onde os erros já não podiam ser apagados e tudo tinha que ficar bem à primeira. A menina estava cheia de entusiasmo, a caneta de tinta permanente, com o seu aparo dourado, o frasquinho com a tinta Quink da Parker que iria ficar para sempre na sua memória, as folhas de papel mata-borrão com o seu doce tom de rosa claro tudo eram novos objetos que a fascinavam. Quando a professora começou a ensinar a encher o depósito da caneta, rodando a ponta oposta ao aparo e aquele sangue azul marinho de que eram feitas as palavras que não se apagavam entrava na caneta os olhos da menina observavam bebendo cada momento.

Quando encheu a sua caneta e deixou o excesso do aparo no papel mata-borrão, ficou a contemplar o lado debaixo do aparo, era preto, cheio de estrias, parecia quase a barriga de um grilo. Tudo era muito mágico. Depois foi começar a fazer deslizar o aparo na folha de papel de linhas azuis e margens cor de rosa. Não era fácil, se carregava demasiado saia tinta de mais e mesmo com o mata-borrão ficava tudo feio e mal feito, se carregava de menos mal se via o que estava escrito e algumas letras falhavam e a menina não se atrevia a tentar passar de novo para as escrever. Passar de novo no mesmo sítio parecia ter tudo para ficar pior ainda.

Aos poucos a indomável caneta de tinta permanente foi sendo domesticada e a menina começou a deliciar-se enchendo folhas com palavras e mais palavras de bela caligrafia. Primeiro foram cópias, ditados e exercícios, mas a verdadeira magia só passou a acontecer quando a menina já sabia o suficiente para encher as folhas com as histórias que imaginava, ou com as histórias antigas que os avós lhe gostavam de contar quando estavam sentados nos bancos baixos dentro da lareira alta da casa deles. A menina também gostava de escrever sobre as coisas iam acontecendo à sua volta, sempre tentando usar mais e mais palavras novas que ia conhecendo nos livros, com a professora e com os adultos que a amavam e ensinavam mesmo sem querer.

A cor daquela tinta, aquele azul marinho espalhado suavemente no papel era ainda das suas cores preferidas, para vestir, para descansar os olhos, para ver no mar em certos dias, era uma cor de conforto e para ela seria sempre o sangue das palavras.

 

Texto no âmbito "Desfio Caixa dos Lápis de Cor"

 

 

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