O Tesouro da Ilha
Dia Mundial da Água - Desafio do Centro de Interpretação Ambiental de Leiria
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Era uma vez uma lontra chamada Lola que vivia num rio chamado Lis. Era ainda jovem, só tinha um ano e meio, já só faltava meio ano para ser adulta! Sim, as lontras ficam adultas quando fazem dois anos e ela já sabia viver sozinha, sem precisar de ajuda da mãe.
Quando ela era muito pequenina, nem sequer sabia como andar na água, foi a sua mãe que lhe ensinou a nadar. Bem, nos primeiros tempos estava sempre na toca com as irmãs e irmãos, eram cinco e regalavam-se a mamar. A mãe tinha muita paciência e estava sempre a cuidar do seu pelo para ficar bem limpo.
Agora ela já sabia assobiar, chiar e guinchar. Era muito divertido porque assim conseguia que os seus irmãos a ouvissem e por vezes viessem nadar com ela. Gostava muito de nadar, era rápida e conseguia ficar muito tempo debaixo da água. Sempre que mergulhava, os seus ouvidos e as narinas fechavam-se, tal como a sua boca, assim não entrava água nenhuma para incomodar.
A Lola estava muito orgulhosa das suas patas que eram mesmo especiais… tinham umas membranas entre os dedos que ajudavam a nadar a toda a velocidade.
O seu corpo era muito esguio, com uma bela cauda o que lhe permitia deslizar rapidamente pela água.
O seu pelo era também mesmo especial, tinha duas camadas. A camada mais junto à pele deixava-a sempre quentinha, mesmo na água gelada do Inverno. Tinha outra camada de pelo maior que era um verdadeiro impermeável e permitia que o seu corpo ficasse sempre seco, mesmo debaixo de água, parecia magia.
Durante o dia ela geralmente ficava na sua bela toca. Era um recanto na margem do rio com uma abertura no fundo que dava para entrar logo debaixo de água para o rio, e tinha também uma bela chaminé no topo para entrar o ar fresco. Todo o dia era aproveitado para …dormir! É verdade, durante a noite é que aproveitava para nadar, brincar com as suas amigas e mesmo procurar comida. Gostava muito de pequenos peixes do rio e como vivia junto da nascente onde as águas eram muito puras e cristalinas havia muitos peixes e plantas do rio.
Ela gostava de se passear pelo rio e de aprender com as lontras já muito velhinhas, as que já tinham 6 ou 8 anos. Do que ela mais gostava que lhe ensinassem era sobre sítios escondidos no rio e num lago que ficava muito longe, onde ela nunca tinha ido.
Estava um dia cinzento e chovia muito, o rio começou a ficar com muita água, havia muito barulho da água a bater nas pedras a toda a velocidade. A Lola saiu da sua toca pela abertura debaixo da água e decidiu aproveitar para descer o rio e ver se chegava até ao grande lago de que falavam as lontras velhinhas.
De repente começou a amanhecer e Lola olhou à volta porque as águas estavam mais calmas. Era uma zona estranha, tinha pontes feitas de pedras, muitas casas e grandes construções com chaminés enormes. Como estava cansada aproximou-se de um regato estreito para procurar um abrigo. Assim que entrou no regato viu que a água era escura, tinha espuma e cheira muito mal. Lola nunca tinha visto nada assim. Procurou peixes porque já estava com fome, mas … não encontrou nem um. Começou a ficar maldisposta, com dor de barriga e de cabeça, sentia-se doente, sem forças e sem conseguir nadar. Parecia que tinha adormecido, não se lembrava de nada e viu que tinha voltado para o rio.
Lá a água era mais limpa, não tanto como na zona da nascente, mas ainda assim era boa para beber. Aqui já conseguia respirar, não havia mau cheiro, que alívio. Estava exausta e encontrou uma zona na margem aconchegada onde finalmente conseguiu deitar-se e dormir. Sim finalmente, já era dia há muito tempo e eram mais do que horas de ir dormir.
Depois de dormir muito acordou já a noite estava bem escura e a Lua gorda, branca e bem redonda. Foi procurar algo para comer e ficou toda contente porque viu outra lontra ao longe. Nem queria acreditar, ele nadava super bem, Começou a aproximar-se e achou mesmo que ele era lindo e começou a guinchar baixinho para ver se ele a via. Então ele aproximou-se e disse que se chamava Leo. Ele desatou a fazer piruetas, e mostrou-lhe onde podiam ir pescar.
O Leo tinha nascido num lago e gostava de subir rio acima de vez em quando. O seu sonho era ver a nascente do rio mas devia ser muito longe porque ainda nunca tinha conseguido lá chegar. A Lola quando o ouviu a falar da nascente disse-lhe que era lá que ela vivia. Contou-lhe como a água era limpa e cristalina e como à volta do rio havia arbustos, árvores e montes de pequenas ervas. Tudo era verde, não era como ali naquela zona do rio.
Estavam a Lola e o Leo a descançar e guinchar quando se aproximou um animal com uma rede e o Leo desatou a correr, mas a Lola ficou parada, cheia de medo.
O animal era um caçador que tinha visto os dois e os tinha achado muito fofos e quis apanha-los. Só apanhou a Lola, e … levou-a para casa porque ia oferece-la à sua filha. A menina achou a Lola bonita, gosta de a ver correr no chão do seu quarto e a dormir durante o dia num cobertor. Duas vezes por dia dava-lhe peixe para a alimentar.
Rapidamente a menina ao olhar com atenção para os olhos da Lola viu que ela não era feliz na sua casa. A menina fica triste e tenta fazer coisas para a Lola estar mais contente, mas … nada resulta. A menina continua a tentar, põe a Lola na banheira a pensar que ela vai ficar feliz, mas os olha da Lola ficam ainda mais tristes e ela nem tenta nadar.
Neste momento a menina percebe que a sua casa não é a casa da Lola! A menina vai a correr chamar o pai. Diz ao pai que gosta muito, muito da Lola e que vai ter muita pena de não a ter, mas que o que quer é que a Lola seja feliz. Então a menina pede ao pai para irem juntos ao sítio onde o pai tinha apanhado a Lola para a deixarem ir em liberdade para a sua casa na natureza.
Quando a Lola se viu na margem do rio nem queria acreditar! Parece que tinha voltado a viver. Desatou a correr para a água, a chiar e a guinchar com esperança de encontrar o Leo para juntos irem para longe. Talvez para a nascente do rio ou para o lago grande. Não demorou muito a que o Leo chegasse ao pé da Lola e todos felizes desataram a nadar rumo à sua casa.
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