O Pirilampo Perdido
Era uma vez um pirilampo que ainda não era crescido, mas já não era pequenino. Vivia com os seus pais e irmãos e muitos outros pirilampos num bosque que tinha um ribeirinho e uma grande clareira de relva. Era um lugar bonito, de que as pessoas gostavam muito e que se chamava o Campo dos pirilampos. Nas noites quentes de verão faziam corridas de obstáculos e contornavam as árvores em voltas graciosas e por todo o lado se viam as suas luzes a acender e apagar. Já não havia muitos lugares assim, agora era difícil encontrar pirilampos…
O pirilampo andava muito contente na escola de voo com o professor Asas que era alegre e bem disposto e ensinava todos os pirilampos jovens a voar em segurança. Claro que os primeiros voos tinham sido ou com o pai e com a mãe, mas com o professor Asas e os colegas de escola faziam desafios muito mais complicados e voavam para sítios mais afastados do campo dos pirilampos.
Agora que era um jovem já sabia alimentar-se sozinho procurando nas flores o néctar e o pólen que lhe davam muita energia para poder voar. Os seus pais ensinavam-lhe como beber sozinho a água do regato, como procurar comida e como encontrar abrigo para dormir durante o dia.
Para falar com os outros pirilampos usava a bela luz que tinham na cauda e as conversas dependiam do tempo que acendiam e apagavam as luzes, tal e qual como as pessoas quando fazem sons para conversar.
O pirilampo estava muito feliz com a sua barriguinha luminosa, era maior que a dos seus amigos e dava uma luz muito forte. Claro que tinha amigos com umas asas maiores e mais fortes que ele também gostaria de ter. O professor Asas tinha-lhe dito que cada um tem algumas coisas em que é mais forte e que ninguém é o mais forte em todas as coisas!
Um dia depois das aulas de voo e quando a noite estava a acabar e ele se preparava para ir dormir começou a ouvir um som forte que ele não conhecia e as árvores começaram a abanar muito… ele sentiu medo e tentou voar mais depressa, mas o vento empurrou-o muito depressa e para muito alto. Então ele tentou sempre ficar no ar e voou, voou, voou. Quando o vento acalmou ele pode parar numa árvore que não conhecia e começou a olhar em volta mas tudo o que via era novo. Não via mais nenhum pirilampo. Estava muito cansado, procurou um esconderijo e foi dormir.
Assim que voltou a cair a noite o pirilampo começou a voar para tentar voltar para sua casa. Primeiro chegou a um lugar onde havia um grande lago como ele nunca tinha visto e ficou maravilhado a olhar para a água e viu que a sua luz aparecia na superfície do lago. Ficou fascinado, mas o que ele queria mesmo era voltar para casa.
Ao olhar para longe viu muitas luzes e pensou… ali há muitos pirilampos. Vou até lá.
Quando chegou perto das luzes achou estranho porque estavam sempre no mesmo lugar e não acendiam e apagavam… Afinal eram as luzes de uma cidade! Ele nunca tinha visto nada assim. Estava um pouco assustado e sentia-se perdido.
De repente ouviu um som estranho e pousou numas folhas para se esconder. Era uma menina, a Matilde, que ficou encantada por ver o pirilampo. Nunca tinha visto nenhum! Fez uma birra e quis levar o pirilampo para sua casa.
Apanhou-o com cuidado e guardou-o num frasco. Ao chegar ao quarto queria soltar o pirilampo, mas… ela tinha um animal estranho com muito pelo e uma boca grande que estava a brincar e parecia querer comer o pirilampo. O animal não tinha nenhuma luz no seu corpo, apenas fazia um barulho muito estranho, nada como o som das asas ou das árvores. O som do animal parecia um grito como miau, miau e nunca mais parava.
A mãe da Matilde disse que não podiam ficar com o pirilampo, nem o podiam soltar no quarto. Explicou que o melhor era levarem-no para um campo que a mãe conhecia onde havia muitos pirilampos e aí é que o podiam soltar.
Vê como os pirilampos são bonitos a voar e a piscar!
Agora podes ouvir a história.
Publicado por Cristina Aveiro em Sábado, 13 de junho de 2020