O que é o tempo?
Desafio Arte e Inspiração 2.0 - semana #1
A persistência da memória, de Salvador Dali.
O menino estava com esta pergunta dentro da cabeça já há algum tempo… Mas afinal o que é o tempo perguntava-se.
Ele já tinha entendido que o tempo era algo que corria num sentido único e que nunca voltava atrás, um pouco como a água de um rio que corre da nascente até ao mar, sem nunca regressar onde partiu. Já tinha compreendido que o ritmo do tempo era marcado pela luz do sol, que ora estava lá, ora chegava a noite, mas será que era isso o tempo?
Os adultos eram estranhos quando falavam do tempo, tão depressa desejavam regressar a tempos do passado que nunca mais voltariam, como apenas sonhavam com os tempos que estavam para vir e parecia que não tinham interesse pelo que estava a acontecer agora, mas o menino não sabia bem se o agora também fazia parte do tempo!
Decidiu ir conversar com o avô para perceber melhor. Afinal o avô nunca tinha pressa e gostava de falar com ele, os pais diziam que ele tinha tempo, como que dizendo que ele era muito rico. Afinal o tempo talvez fosse riqueza e os pais fossem mais pobres que o avô!
Sentou-se ao lado do avô e explicou-lhe que gostava de saber o que era o tempo, porque parecia ser algo difícil de entender, embora todas as pessoas estivessem sempre a dizer que não tinham tempo, ou que demorava muito tempo, ou que passava num instante…
O avô para começar, e em jeito de brincadeira perguntou ao pequeno:
- Tens muito ou pouco tempo para conversar?
- O menino disse que ia estar com o avô até à hora de jantar.
Vamos lá ver, afinal tu até já sabes como medimos o tempo, medimos em horas, dias, com relógios, calendários e tudo. O que é que queres saber mais?
-Avô, quero saber mesmo o que é o tempo. Se não se vê, não se toca, nada, então porque é tão importante?
O avô ficou pensativo e demorou algum tempo a começar a falar. A sua voz era calma, pausada e tranquila, as suas mãos eram grandes com dedos grossos e calejados, mas sabiam dar mimos delicados e abraços que faziam o menino sentir-se seguro e preparado para todas as tempestades que viessem.
O tempo não se pode ver, mas conseguimos ver o que acontece porque ele passou. As sementes tornam-se plantas e árvores, crescem, dão frutos e morrem. As gentes e os animais nascem, crescem, envelhecem e morrem, tudo porque o tempo passa.
A Terra está em constante movimento à volta de si e do sol, e isso faz com que haja dia e noite sucessivamente. O Homem desde sempre usou o dia como forma de contar o tempo. Os dias variam de tamanho ao longo do ano, há dias longos de luz com noites curtas e dias curtos com noites longas. O Homem viu que isto se repetia regularmente. Notou ainda que a natureza acompanhava esta mudança e que havia tempos em que tudo renascia, depois dava fruto, a seguir começava a perder energia e as plantas perdiam as folhas e os animais ficavam menos ativos até que tudo parecia ficar um pouco parado, sem vida até tudo recomeçar de novo. E foi assim que o homem começou a contar o tempo de uma forma mais longa, usando o que chamamos agora as estações do ano. Durante muito tempo o homem também contou o tempo com base no aspeto da Lua e verificou que a cada 28 dias ela voltava a ter o mesmo aspeto e povos como os Índios usavam essa forma de contar o tempo.
O menino escutou, pensou e disse:
- Compreendo então que o tempo resulta do movimento da Terra. O que ainda não entendo é porque razão quando estou à espera que a mãe chegue, ou que vamos a algum lugar o tempo parece parar e ao mesmo tempo, quando estamos todos juntos a festejar, ou na praia a divertir-nos o dia corre e num instante o sol já está a enterrar-se no mar e o dia acaba.
O avô com a calma de quem já viveu muito, foi dizendo que o tempo de que ele estava a falar era o tempo de sentir, esse era um tempo que não consegue medir, nada tem a ver com o tempo dos astros do céu. Esse é o tempo do coração e da alma é menos previsível. Não há máquinas que possam medir o que sentimos, sentir é algo muito especial que só os animais e as pessoas conseguem. As pessoas têm muitas formas diferentes de sentir e que são próprias de cada pessoa e do momento que estão a viver.
O menino escutou, e disse que pensava que estava a perceber melhor o que era o tempo, mas ainda havia uma coisa que não entendia.
- Avô porque é que tu tens mais tempo para conversar comigo do que os meus pais?
Todas as quartas-feiras eu e a Fátima Bento, a Ana D., a Ana de Deus, a Ana Mestre, a bii yue, a Célia, a Charneca Em Flor, , a Imsilva, o João-Afonso Machado, o José da Xã, a Luísa De Sousa, a Maria, a Maria Araújo, a Mia, a Olga, a Peixe Frito, a Sam ao Luar, e SetePartidas publicamos um texto relativo ao quadro da semana, que é apresentado todas as sextas de manhã.
Se se quiser juntar a nós, esteja à vontade, diga apenas que o vai fazer!
(o desafio termina na última semana de novembro )