Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Contos por contar

Contos por contar

14
Set22

O que é o tempo?

Desafio Arte e Inspiração 2.0 - semana #1

Cristina Aveiro

A persistência da Memoria-Set 22.jpeg

A persistência da memória, de Salvador Dali.

O menino estava com esta pergunta dentro da cabeça já há algum tempo… Mas afinal o que é o tempo perguntava-se.

Ele já tinha entendido que o tempo era algo que corria num sentido único e que nunca voltava atrás, um pouco como a água de um rio que corre da nascente até ao mar, sem nunca regressar onde partiu. Já tinha compreendido que o ritmo do tempo era marcado pela luz do sol, que ora estava lá, ora chegava a noite, mas será que era isso o tempo?

Os adultos eram estranhos quando falavam do tempo, tão depressa desejavam regressar a tempos do passado que nunca mais voltariam, como apenas sonhavam com os tempos que estavam para vir e parecia que não tinham interesse pelo que estava a acontecer agora, mas o menino não sabia bem se o agora também fazia parte do tempo!

Decidiu ir conversar com o avô para perceber melhor. Afinal o avô nunca tinha pressa e gostava de falar com ele, os pais diziam que ele tinha tempo, como que dizendo que ele era muito rico. Afinal o tempo talvez fosse riqueza e os pais fossem mais pobres que o avô!

Sentou-se ao lado do avô e explicou-lhe que gostava de saber o que era o tempo, porque parecia ser algo difícil de entender, embora todas as pessoas estivessem sempre a dizer que não tinham tempo, ou que demorava muito tempo, ou que passava num instante…

O avô para começar, e em jeito de brincadeira perguntou ao pequeno:

- Tens muito ou pouco tempo para conversar?

- O menino disse que ia estar com o avô até à hora de jantar.

Vamos lá ver, afinal tu até já sabes como medimos o tempo, medimos em horas, dias, com relógios, calendários e tudo. O que é que queres saber mais?

-Avô, quero saber mesmo o que é o tempo. Se não se vê, não se toca, nada, então porque é tão importante?

O avô ficou pensativo e demorou algum tempo a começar a falar. A sua voz era calma, pausada e tranquila, as suas mãos eram grandes com dedos grossos e calejados, mas sabiam dar mimos delicados e abraços que faziam o menino sentir-se seguro e preparado para todas as tempestades que viessem.

O tempo não se pode ver, mas conseguimos ver o que acontece porque ele passou. As sementes tornam-se plantas e árvores, crescem, dão frutos e morrem. As gentes e os animais nascem, crescem, envelhecem e morrem, tudo porque o tempo passa.

A Terra está em constante movimento à volta de si e do sol, e isso faz com que haja dia e noite sucessivamente. O Homem desde sempre usou o dia como forma de contar o tempo. Os dias variam de tamanho ao longo do ano, há dias longos de luz com noites curtas e dias curtos com noites longas. O Homem viu que isto se repetia regularmente. Notou ainda que a natureza acompanhava esta mudança e que havia tempos em que tudo renascia, depois dava fruto, a seguir começava a perder energia e as plantas perdiam as folhas e os animais ficavam menos ativos até que tudo parecia ficar um pouco parado, sem vida até tudo recomeçar de novo. E foi assim que o homem começou a contar o tempo de uma forma mais longa, usando o que chamamos agora as estações do ano. Durante muito tempo o homem também contou o tempo com base no aspeto da Lua e verificou que a cada 28 dias ela voltava a ter o mesmo aspeto e povos como os Índios usavam essa forma de contar o tempo.

O menino escutou, pensou e disse:

- Compreendo então que o tempo resulta do movimento da Terra. O que ainda não entendo é porque razão quando estou à espera que a mãe chegue, ou que vamos a algum lugar o tempo parece parar e ao mesmo tempo, quando estamos todos juntos a festejar, ou na praia a divertir-nos o dia corre e num instante o sol já está a enterrar-se no mar e o dia acaba.

O avô com a calma de quem já viveu muito, foi dizendo que o tempo de que ele estava a falar era o tempo de sentir, esse era um tempo que não consegue medir, nada tem a ver com o tempo dos astros do céu. Esse é o tempo do coração e da alma é menos previsível. Não há máquinas que possam medir o que sentimos, sentir é algo muito especial que só os animais e as pessoas conseguem. As pessoas têm muitas formas diferentes de sentir e que são próprias de cada pessoa e do momento que estão a viver.

O menino escutou, e disse que pensava que estava a perceber melhor o que era o tempo, mas ainda havia uma coisa que não entendia.

-  Avô porque é que tu tens mais tempo para conversar comigo do que os meus pais?

 

Todas as quartas-feiras eu e a Fátima Bento, a Ana D., a Ana de Deus, a Ana Mestre, a bii yue, a Célia, a Charneca Em Flor, , a Imsilva, o João-Afonso Machado, o José da Xã, a Luísa De Sousa, a Maria, a Maria Araújo, a Mia, a Olga, a Peixe Frito, a Sam ao Luar, e SetePartidas publicamos um texto relativo ao quadro da semana, que é apresentado todas as sextas de manhã.

Se se quiser juntar a nós, esteja à vontade, diga apenas que o vai fazer!

(o desafio termina na última semana de novembro )

 

 

 

 

 

16 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Contos de Natal 2022

Contos de Natal 2021

Desafio Caixa dos Lápis de Cor

desafio com moldura selo.png

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D

Desafios da Abelha

Eu Sou Membro
Em destaque no SAPO Blogs
pub