O nosso Xadrez
Desafio do Triptofano
Tinham saído do ninho, trilhavam caminhos de autonomia e liberdade numa nova etapa das suas vidas. Iam atrás do sonho do saber aprendido na cidade grande, na escola dos que mais sabem e onde mais se aprende, na escola onde se fabricam doutores e engenheiros tal como eles queriam vir a ser. Eram os mágicos 20 anos onde tudo ainda vai ser e todos os sonhos cabem nas nossas mãos. E além da alegria dos pássaros à solta em voos de novos mundos e lugares houve aquela magia que une os olhares quando se cruzam e se procuram, houve o acompanhar novos grupos de amigos para que os olhares ainda mais se aproximassem e os momentos juntos fossem mais frequentes e mais prolongados.
E havia aquele café onde os estudantes daquela Coimbra dos amores se encontravam à noite em bandos ruidosos. Na sala do fundo tudo era mais tranquilo e havia jogos de tabuleiro, damas, xadrez, ... e ela que nunca quisera nada com o xadrez porque no seu ninho não era um jogo de casa, pediu que ele lhe ensinasse porque nunca tinha aprendido. E começaram a jogar todos os dias, as conversas não acabavam, envolvidas nas torres, bispos e peões. Ele sempre em vantagem do saber mais antigo, ela desafiada por querer sempre chegar mais além e não ficar atrás de ninguém. Os amigos há muito tinham percebido o que andava envolvido naquelas peças e no elegante tabuleiro branco e negro. Eles demoraram um pouco mais a perceber que a magia daquele tabuleiro ia muito para além do jogo de xadrez. Com o tempo perceberam a magia que lhes tinha chegado no embalo do jogo nascido na Índia há tantos séculos atrás.
Quando nasceram rebentos daquele amor frutuoso voltou o jogo ao tabuleiro para que as pequenas aprendessem a magia daquelas peças dançantes no tabuleiro mágico.
Quando ficaram velhinhos, onde outros jogos de que tanto tinham gostado na vida, mas agora os corpos cansados nos 80 anos já não permitiam as aventuras de grandes caminhadas e descobertas mais físicas e o tabuleiro voltou a unir aquelas duas metades e o xadrez bailou entre aqueles dedos amantes.
"No xadrez como na vida o Rei e o Peão vão para a caixa no fim do jogo!"
Provérbio Italiano
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