O banquete interrompido
Desafio do Triptofano
Estavam felizes e celebravam a vida e os seus marcos numa festa de batizado em família. Eram pessoas de poucas posses, na sua casa humilde junto à fronteira do país vizinho do qual também falavam a língua que consideravam também sua. Viviam da agricultura e de empregos de serviços básicos aos seus compatriotas. Eram devotos e apesar de a tensão entre os dois países estar em crescendo desde há alguns anos e num ritmo mais frenético nos últimos meses queriam acreditar que tudo iria acalmar e que as razões maiores de paz e segurança iam vencer. Assim organizaram o banquete caseiro onde participaram a família e os amigos e conseguiriam brindar, cantar e dançar celebrando a vida e o batismo de mais uma criança da família. Nem as notícias da concentração de tropas nos dias anteriores os demoveram do propósito de comemorar e ter esperança na paz.
A meio da refeição o ruído dos morteiros a atingir a aldeia vizinha terminou com a festa, tudo foi deixado para trás. Apressaram-se para o abrigo subterrâneo da aldeia deixando para trás a alegria, a esperança e tudo o mais que tinham preparado.
No refúgio rezavam, abraçavam-se e continuavam a suplicar ao mundo e a Deus pela paz. O mundo assistia a tudo isto em direto. Sentados nas suas salas quentes e saboreando uma boa refeição sentiam solidariedade com aquele povo, interrogavam-se sobre o seu próprio futuro, sofriam de impotência face aos acontecimentos que os ultrapassavam.
A História repete-se e o Homem e o Mundo não aprendem!
Descubram também os textos da Marta - o meu canto, do Bruno, da Ana D., da Ana de Deus e da Maria. Querem participar? Vejam aqui como!