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Contos por contar

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13
Fev21

A Cookie

Cristina Aveiro

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Num dia de Inverno frio e ventoso, a avó decidiu ir até à praia para ver o mar, olhar até muito longe, sentir o cheiro da maresia encher-lhe o peito e dar-lhe energia. Assim que chegou e começou a caminhar pelo longo passeio junto ao mar viu um pequeno cão que por ali andava sozinho mas não prestou grande atenção. No Inverno não havia muitas pessoas naquela praia, poucos lá viviam e quase todas as casas eram de pessoas que viviam noutras terras e só vinham no Verão ou quando havia dias de Sol. A avó gostava daquela tranquilidade das ruas quase sem carros nem pessoas, o som do mar e do vento era tudo o que se ouvia e isso dava-lhe muita energia e paz.

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O passeio ao longo da praia era muito longo e estava deserto e a avó lá ia caminhando rumo a Norte. Atrás da avó, aproximando-se cada vez mais vinha o tal cão pequeno. Durante toda a caminhada de ida e de regresso o cão continuou sempre a seguir a avó sem que ela lhe tenha dado atenção. A avó gostava de animais mas com moderação, não se aproximava deles nem era muito de dar festinhas. Quando a avó chegou à casa da praia o cão continuava atrás dela e subiu as escadas até à casa e entrou assim que a porta se abriu. A avó ficou surpreendida, até espantada, mas não conseguiu resistir ao ar meigo do cão cor de mel com olhos castanhos e que parecia estar a sorrir. Decidiu dar-lhe água e comida porque provavelmente estava perdido e talvez tivesse fome. O cão, que afinal era uma cadelinha, bebeu, comeu e enroscou-se num cantinho muito sossegada a dormir. A avó tentou ver se tinha coleira ou alguma pista para encontrar o dono, mas não havia nada. Procurou saber no café se conheciam a cadelinha e os donos, mas ninguém sabia nada. Ao fim do dia quando a avó voltou a sair para dar mais uma volta o cão seguiu-a de novo para todo o lado como se a avó fosse o seu dono.

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O cão acabou por dormir em casa da avó nessa noite, e no dia seguinte tudo se passou da mesma maneira. Quando chegou a hora da avó deixar a casa da praia e regressar à sua casa não sabia bem o que fazer, mas não estava nos seus planos ter um cão! Ao ver a avó entrar no carro a pequena cadela saltou de imediato lá para dentro e … a avó não teve coragem de não a levar consigo. A cadelinha foi durante todo o caminho em silêncio e portou-se muito bem.

Ao chegar à casa da avó a cadelinha ficou muito feliz e seguia a avó para todo o lado, sempre tranquila e sendo boa companhia. A avó notou que a cadelinha tinha o pescoço inchado e até parecia que lhe doía e pediu ao avô para a levar ao veterinário que a operou e a tratou. A cadelinha olhava para todos com os seus olhos castanhos muito meigos parecendo que estava a agradecer por tomarem conta dela.

Quando as netas vieram visitar a avó nem queriam acreditar, a avó tinha um cãozinho? A avó contou a história e explicou que tinham de ter cuidado porque a cadelinha ainda estava a recuperar da ferida que tinha. O Cãozinho tinha um sorriso estranho com os dentes de baixo sempre à mostra como se não os conseguisse esconder. As meninas primeiro ficaram algo receosas, mas depressa a cadelinha as conquistou com a sua meiguice e tranquilidade. A neta mais nova sonhava há muito tempo ter um cão e ficou totalmente aos pulos quando a avó lhe disse que aquela cadelinha era para ela e que podia escolher o nome que quisesse. A menina ficou a pensar, foi dizendo nomes, todos iam dando opinião até que disse Cookie porque ela era uma verdadeira bolachinha doce. E foi assim que ficou a chamar-se a pequena cadela de orelhas pequenas muito peludas, pelo cor de mel, olhar doce e que se aproximava de todos com doçura e simpatia.

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Os avós passaram a ter uma companhia todos os dias de manhã assim que chegavam à cozinha já a Cookie estava à sua espera na varanda com o seu ar sorridente. Durante todo o dia ela andava contente a acompanhar os avós, a passear pelo quintal, a espreitar as galinhas e os patos da capoeira com curiosidade e também a dormir grandes sestas pachorrentamente.

Quando chegavam as netinhas a casa da avó já era sempre uma festa, mas com a Cookie a festa era ainda maior, ela a correr e a saltar e as meninas a rir e a dar-lhe mimos até mais não. A avó adorava vê-las com a Cookie e ficava muito contente por ter deixado que a Cookie entrasse nas suas vidas. Todos se tinham deixado conquistar pelo encanto da Cookie, mesmo quem não gostava muito de cães não conseguiu resistir.

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A Cookie tinha pedido muito pouco e tinha vindo trazer alegria a todos, arrancava sorrisos a todos só por andar por ali e ficar a olhar com ar de quem estava a sorrir. A avó não podia estar mais contente com tudo o que a Cookie tinha trazido para a sua família.

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