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Contos por contar

Contos por contar

28
Nov20

A menina que queria ser professora

Cristina Aveiro

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Há muito, muito tempo, uma menina pequena, calma e alegre vivia numa pequena aldeia onde todos eram pequenos agricultores e viviam com muita simplicidade. Todos os dias era preciso ir buscar a água à fonte para poderem lavar-se, cozinhar e mesmo dar aos animais.

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Eduardo Gageiro

Não havia eletricidade e usavam candeeiros que queimavam combustível para dar luz. A comida era feita à lareira com o calor da lenha que se queimava. A roupa era lavada no ribeiro ou junto a poços de onde se tirava a água, o único detergente era o sabão azul.

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                                          Artur Pastor

Desde muito cedo todos trabalhavam para a família ter o suficiente para viver. Havia incontáveis tarefas da agricultura que incluíam semear, regar, apanhar alimento para os animais, colher frutos, feijões, milho, batatas, …

img-8-small700.jpg                                                  Artur Pastor

Em casa também havia sempre muitos afazeres, desde cuidar dos animais, amassar e cozer a broa, fazer a sopa, passar a ferro com o ferro a carvão. À noite no verão costumavam juntar-se numa eira ou num pátio com vizinhos e amigos a contar histórias antigas, a cantar e quando havia alguém que savia tocar concertina ou realejo era uma festa. 

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Quando a menina fez sete anos começou a ir à escola, ia um grupo de meninos da aldeia até ao lugar onde havia a escola mais próxima. A primeira vez foi um adulto com eles para aprenderem bem o caminho, mas depois já iam sozinhos a pé durante mais de meia hora. Os meninos da aldeia tinham todos roupas parecidas, feitas de chita ou outros tecidos modestos e iam todos descalços porque não tinham sapatos. Na escola havia meninos que viviam mesmo junto à escola e que tinham roupas um pouco melhores e usavam sapatos, mas todos estavam lá para aprender e o resto não importava.

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A menina ficou fascinada com a sua professora, era bonita, tinha a pele muito clara, roupas claras e muitos limpas, como se fossem roupas de domingo. As mulheres que a menina conhecia vestiam roupas escuras, grosseiras, tinham a pele escurecida pelo sol e pareciam mais cansadas e impacientes. Ali começou uma aventura fascinante de descoberta das letras, dos números, das contas, da história do seu país. A menina não perdia uma palavra do que dizia a professora, tudo a deixava quase sem conseguir respirar para não deixar fugir alguma coisa importante. Aprendeu a ler correctamente muito depressa e às vezes a professora chamava-a, punha-a no seu colo para que todos a pudessem, ver melhor e pedia-lhe para ler para os outros alunos. Nestes momentos a menina sentia uma alegria como nunca tinha sentido antes.

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Quando regressava da escola ia logo fazer as tarefas que a mãe lhe tinha destinado e assim que podia ia ler os livros da escola porque lá em casa não havia mais livros. À noite depois de terem jantado quando a família ficava à volta da lareira antes de se irem deitar, a menina gostava de conversar sobre a escola e de ler alto para todos quando lhe deixavam. Apenas o pai sabia ler, a mãe não, mas sabia fazer contas sem nunca ter ido à escola.

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À medida que ia crescendo a menina era ensinada a fazer todas as coisas que as mulheres da aldeia deviam saber para poderem tomar conta de uma casa e cuidar das terras. A menina gostava de aprender também a fazer estas tarefas, mas na escola o que aprendia era surpreendente, falava-se de coisas que nunca tinha ouvido, visto ou imaginado.

Os anos passaram e a menina fez os quatro anos de escola e a sua adorada professora disse aos seus pais que a menina estava preparada para fazer o exame da quarta classe. Um dia lá foi a menina com as suas tranças bem apertadas, num fato de domingo, com sapatos e tudo a uma escola na cidade. Foi um dia inesquecível, houve algum receio, mas tudo correu bem e a menina teve uma nota brilhante. No final até houve tempo para ir ao parque infantil andar nos baloiços.

 

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No final desse dia, a professora disse aos pais da menina que ela tinha muito talento, era muito inteligente e que era muito importante que continuasse a estudar. Naquele tempo quase todos os alunos só estudavam até ao quarto ano. Havia escolas para continuar a estudar, mas só na cidade e não era possível ir e vir todos os dias a pé uma criança tão pequena.

Os pais ficaram a pensar no que a professora tinha dito, mas eles não tinham posses para dar os estudos à menina e também tinham muito medo de a deixar ir sozinha para a cidade para a casa de alguém para poder continuar a estudar. Na aldeia todos deixavam a escola no quarto ano, eles estavam contentes por haver escola para os seus filhos, porque eles nem sequer tinham ido à escola, pensavam que já seria o suficiente.

A menina ficou profundamente triste por no ano seguinte não voltar à escola, nunca tinha dito a ninguém mas o seu sonho era ser professora e ensinar meninos a ler, a escrever a contar e tudo mais. Era um sonho impossível, já lhe tinham dito que não ia poder continuar a estudar. A menina aceitou a decisão dos pais, mas continuou sempre a aproveitar todas as oportunidades para aprender, para ler tudo o que lhe vinha parar à mão, requisitava livros na biblioteca itinerante que era uma espécie de camionete cheia de livros que percorria as aldeias de tempos-a-tempos.

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Os pais queriam dar-lhe o melhor futuro possível, livrando-a da vida dura do campo. Um dia disseram à menina que ia aprender costura com a tia Mansa. Disseram à menina que era um trabalho mais limpo, mais mimoso e mais leve do que trabalhar no campo e que como ela aprendia bem ia com certeza gostar.

A menina foi aprender a costurar, gostava de costurar, a máquina de costura e o seu funcionamento tinham alguma magia, rapidamente aprendeu o essencial. Passou a ir para a casa das pessoas com a máquina Singer que recebeu de presente aos catorze anos. Fazia calças, camisas, saias, cuecas, soutiens, ceroulas, sacas, remendava, … Todas as roupas das pessoas eram feitas pelas costureiras ou pelo alfaiate, não havia roupas feitas nas lojas para vender. Ela tinha sempre muito trabalho. Quando estava a fazer trabalhos mais monótonos imaginava como seria se fosse professora, que coisas teria de aprender para saber ensinar.

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Gostava de fazer as roupas para as pessoas, era feliz a costurar mas o seu sonho nunca foi esquecido, quem sabe se ainda ia conseguir!

14
Nov20

A Maria Birras & Alegrias

Cristina Aveiro

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Era uma vez uma menina pequenina de pele clara, carinha redonda, cabelo aos caracóis e uns olhos verde-acinzentados que só de olhar faziam mil perguntas. A menina chamava-se Maria e gostava muito de ver e entender tudo o que estava à sua volta. A sua mãe costumava dizer que a Maria estava sempre com as anteninhas no ar porque era muito atenta e queria saber as coisas, como se fazia, porque era assim, como se chamava isto e aquilo, como funcionava, … Os adultos ficavam encantados por poder falar de tantas coisas  para lhe responder às perguntas, muitas vezes ficavam algum tempo a pensar antes de lhe responderem.

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Chegou um tempo em que começaram a vir umas nuvens cheias de birras que pareciam chover em cima da Maria. Na hora do banho, quando a mãe lhe dizia que era para ir para a banheira, levantavam-se nuvens muito grandes e escuras. A menina desatava a chorar e dizia que não, não queria tomar banho, tomar banho era uma nojeira, não ia, … A mãe parecia que não ouvia, nem via a birra e com calma ia despindo a menina e dizendo que tinha que ser, que era preciso, que a água estava quentinha, que a Maria gostava de brincar com os brinquedos do banho,… mas a menina continuava na birra. Mesmo depois de entrar na água ainda continuava por mais um bocadinho. No banho parecia que a nuvem das birras tinha desaparecido, só voltava um bocadinho quando era para lavar a cabeça. Depois de estar toda lavadinha a mãe deixava-a ficar a brincar com o patinho amarelo, com o termómetro tartaruga, a râ nadadora e os brinquedos da praia que também tinham lugar nas brincadeiras da banheira.

Quando a água já estava a arrefecer a mãe dizia que o banho tinha acabado e era altura de sair, vinha novamente uma nuvem cheiinha de birras de tamanho gigante. Não, não queria sair do banho, queria ficar, não a água não estava a ficar fria, e claro era birra com choro, boca bem aberta e lágrimas a cair na água do banho.

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A mãe dizia-lhe então, mas tu nem querias vir para o banho, como é que agora não queres sair. A menina parecia nem ouvir, penso que não ouvia mesmo, é que as nuvens das birras fazem tanto barulho que ninguém se ouve quando elas estão por aí.

Com muita paciência, a toalha de banho especial com o capuz bordado com as baleias, muito mimo e creme no corpo para cuidar da pele delicada, a Maria lá ia acalmando. No fim de estar vestida era hora de ir jantar…

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Já se está mesmo a ver que as nuvens iam voltar. E voltavam mesmo, não queria ir para a mesa, não tinha fome, não gostava daquela comida, … Então o pai dizia-lhe que a ia ajudar e ao mesmo tempo lhe ia contar uma história e começava a fazer palhaçadas, então as nuvens começavam a desaparecer de novo. No fim do jantar às vezes o pai perguntava à mãe se podia ser um icecream e a menina dizia logo que sim.

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Os pais costumavam dizer alguns segredinhos entre eles em inglês, mas havia algumas palavras mágicas que a Maria já conhecia e icecream era uma delas.

Um pouco de brincadeira depois do jantar e lá chegava aquela hora de que a Maria nunca tinha gostado. A hora de ir para a cama! Claro que voltavam as nuvens, claro que não tinha sono, ainda queria brincar mais, não queria ir para a cama, só mais um bocadinho, … e pronto lá vinham os pingos da birra, lágrimas pela carinha abaixo.

Já na cama, ainda havia tempo para um  bocadinho de brincadeira com a irmã pequenina e voltava a alegria de novo.

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Quando o pai ou a mãe vinham até à sua cama, e se sentavam ou deitavam ao seu lado, lá chegava a hora de ler uma história. Muitas vezes a menina escolhia a mesma do dia anterior e ouvia-a dias seguidos e ficava feliz. A menina queria sempre mais histórias e muitas vezes a mãe dizia que estava cansada de ler e que ia contar uma história inventada. Qual é o animal da história hoje?- perguntava a mãe. A menina escolhia. Então a mãe começava,...

Era uma vez um coelhinho pequeno que não queria ficar na toca e queria ir com a mãe à horta. A mãe disse-lhe que não podia ser porque era longe e podia ser perigoso e por isso tinha de ficar. O coelhinho começou a bater com as patas no chão com força e começou a chiar fazendo muito barulho e uma grande … birra. E a história continuava.

A menina ouvia, ficava um pouco pensativa e dizia à mãe, eu já não quero fazer mais birras, mas às vezes não consigo. A mãe abraçava-a e dizia-lhe que ia conseguir, quanto mais crescia mais forte ia ser.

A menina dizia que nunca mais queria que a Maria Birras voltasse porque essa não era ela, ela era só a Maria.

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07
Nov20

O estranho coelho gigante

Cristina Aveiro

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Era uma vez um coelho que vivia num pequeno bosque de arbustos pouco altos mas bastante denso, onde havia sempre bons rebentos para roer e fazer uma bela refeição. Havia quem dissesse que era um coelho bravo porque vivia livre na natureza, era o Gustavo, o coelho bravo. O Gustavo era jovem e vivia numa comunidade, eram mais de dez coelhos e tinham uma verdadeira cidade subterrânea com muitas tocas ligadas por túneis, várias entradas e várias saídas para nunca ficarem encurralados lá dentro. Quem definia as regras era a coelha chefe e o seu companheiro. A coelha chefe, que era maior do que o companheiro, distribuía os lugares onde cada um podia ficar, evitava que houvesse lutas entre todos e tinha direito à melhor toca de todas. O coelho chefe marcava a zona que lhes pertencia esfregando o seu focinho nos arbustos e deixando o seu odor. Era ele que defendia o território quando outros coelhos tentavam intrometer-se.

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Quando uma jovem coelha não conseguia uma boa toca na colónia dos túneis porque a coelha chefe não lhe permitia, ela escavava uma toca só para si. Era lá que deixava os seus filhotes quando nasciam, muito pequeninos, de olhos fechados e quase sem pêlo. Arrancava algum pelo da sua barriguinha e fazia um ninho fofo onde eles ficavam bem quentinhos. Quando tinha que sair para comer, tapava cuidadosamente a entrada da toca com terra e colocava ramos e folhas para disfarçar a entrada. Quando voltava escavava de novo para abrir a toca.

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Os coelhos bravos eram todos parecidos, tinham o pelo pardo, com um tufo branquinho por baixo do pon-pon do rabito e tinham também pêlo esbranquiçado na barriguinha. As suas orelhas eram grandes, quase do comprimento do seu focinho, sempre levantadas e a rodar para todos os lados, escutando tudo o que se passava à sua volta. O seu focinho com os olhos negros grandes e redondos de cada lado permitiam-lhe ver o que se passava a toda a sua volta, mesmo atrás de si sem ter de voltar a cabeça.

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Eram todos bons corredores porque as suas patas traseiras eram um pouco maiores e muito musculadas, mas nunca se afastavam muito das suas tocas, nem mesmo para comer. Os seus pés eram grandes quase do tamanho das orelhas, o que lhes permitia levantarem-se e ficar apoiados nas patas traseiras com as duas mãos juntinhas encostadas ao corpo. Quando corriam gostavam de ir em zigue-zague o que tornava mais difícil serem apanhados. Quando estavam a ser perseguidos por um lince, uma águia-imperial ou uma água-real corriam aos zigue-zagues e procuravam abrigar-se rapidamente numa toca onde os perseguidores não conseguissem entrar.

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O Gustavo já começava a sonhar com uma família e gostaria de ser coelho chefe um dia. Como o Gustavo tinha este sonho, de vez em quando depois de anoitecer, afastava-se mais das tocas e ia explorar o monte à sua volta.

Ia escavando aqui e ali para ver se a terra era fofa e se conseguia abrir um bom buraco. Outras vezes procurava debaixo de uma árvore velha com grandes raízes e tentava escavar uma toca.

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Um dia, andava o Gustavo nas suas explorações quando encontrou uma zona muito aberta de terreno, era uma colina e dali para a frente já não havia árvores nem arbustos, era só erva muito rasteira e nem havia nenhuns abrigos. O Gustavo ergueu-se sobre as suas patas e ficou a observar tudo o que se via dali até ao longe. Nunca tinha conseguido avistar lugares tão distantes.

De repente viu o que parecia ser um coelho enorme, não, afinal eram dois, eram três e estavam em pé, em frente um do outro, a lutar com as mãos, batendo com força, até saiam tufos de pêlo branco pelo ar.

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Saltitavam de um lado para outro e continuavam naquela luta estranha que ele nunca tinha visto.

As orelhas daqueles coelhos tinham o dobro do tamanho das do Gustavo, as pernas e os pés eram enormes. Quando deixavam de estar em pé e se apoiavam nas quatro patas, o corpo ficava bem acima do chão, em especial atrás, parecia que tinham pernas de girafa. Chegou entretanto outro coelho gigante, juntou-se aos restantes e começaram a correr a uma velocidade louca, davam saltos em que se viravam no ar, eram mesmo muito estranhos. Tinham as cabeças pequenas, orelhas gigantes e eram pelo menos do dobro do tamanho do Gustavo. Eram mesmo impressionantes, o Gustavo ficou com um pouco de medo deles.

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Apareceu um pássaro grande no céu e o Gustavo apressou-se a voltar para a sua toca, mas antes ficou a ver como aqueles coelhos corriam, nunca mais se ia esquecer, pareciam relâmpagos, ao longe só conseguia ver as pontas pretas das suas orelhas e os pelitos brancos da parte de baixo da sua cauda.

O pelo deles até era parecido com o do Gustavo, o nariz, os olhos, mas eram absolutamente gigantes, eram super-saltadores, ultra-rápidos na corrida, pareciam não ser verdadeiros.

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Quando o Gustavo regressou à sua toca e contou o que tinha visto, os coelhos mais velhos desataram a saltitar e a bater com as patas e explicaram-lhe que não eram nada coelhos… Eram lebres! As lebres eram enormes, saltavam e corriam com tanta velocidade que as pernas até passavam à frente das mãos e ao mesmo tempo parecia que saltavam como uma mola para a frente.

O Gustavo ficou a saber que havia coelhos bravos como ele e também havia lebres que eram uns parentes distantes, gigantes e que viviam nos campos abertos. Nem sequer gostavam de tocas, não precisavam delas nem para os seus filhotes, porque eles já nasciam com pelos, olhos abertos e prontos para andar. Era um alívio saber que as lebres não queriam viver no bosque porque elas gostavam de viver nos campos abertos, o Gustavo não gostaria de ter aqueles gigantes como seus vizinhos, eles eram assustadores.

O que o Gustavo não sabia é que as lebres afinal eram apenas diferentes dos coelhos e embora isso o assustasse, elas não eram um perigo para o Gustavo, também elas eram pacíficas e adoravam as suas famílias.

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Afinal... coelho ou lebre?

 

 

Lebres na sua vida

 

Lebres em corrida

 

 

Lebres a "jogar box"

Também há lebres domesticadas...

 

 

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