O Morango do Mar gosta de brincar
Era uma vez uma anémona vermelha muito bonita que vivia numa praia perto de nós, agarrada a uma rocha, cheia de vida. Era um Morango-do-Mar porque quando estava feliz e mergulhada na água soltava os seus pequenos tentáculos que pareciam cabelos e estavam sempre a baloiçar ao sabor dos movimentos da água do mar. As rochas onde o Morango-do-Mar vivia ficavam descobertas quando a maré ficava vazia e ficavam debaixo de água na maré cheia. Durante as mudanças da maré as ondas batiam nas rochas desfazendo-se em espuma branquinha, cheia de pequenas algas invisíveis que serviam de alimento a todos os habitantes desta zona fascinante da praia.
Os morangos-do-mar preferiam as zonas mais baixas das rochas junto à areia e do lado oposto às ondas porque as ondas eram demasiado agitadas e as anémonas preferiam águas mais tranquilas. Quando a maré ficava muito vazia os morangos-do-mar recolhiam os seus tentáculos e encolhiam-se o mais que podiam, ficavam mesmo a parecer um morango já mole e gelatinoso com um buraco no meio. Bem havia uma grande diferença, as anémonas estavam muito bem agarradas à rocha e nada as fazia sair dali e os morangos ficavam pendurados nas plantas por uns finos fios verdes.
Nas rochas havia mexilhões azuis, tufos de percebes de todos os tamanhos, lapas grandes, pequenas, caranguejos pequeninos das rochas todos malhados que nem se conseguiam distinguir da rocha. As rochas tinham alfaces do mar agarradas do lado onde batiam as ondas, nas zonas mais afastadas e do lado oposto às ondas as algas eram diferentes, chamavam-lhes bodelha, eram de um verde-escuro, com uma espécie de dedos finos e curtos cheios com umas bolsinhas ocas cheias de ar que ficam a flutuar na maré cheia.
Há muito tempo nestas rochas também havia outros animais que eram os burriés, os caracóis do mar que com as suas formas bem enroladas, pretas, castanhas e riscadas tornavam ainda mais perfeito aquele cantinho mágico das rochas da praia.
Durante o verão vinham muitas pessoas brincar nas poças de água deixadas pela maré entre as rochas, vinham as famílias com as crianças e era vê-los a procurar os caranguejos, e tentar brincar com as franjinhas dos Morangos-do-Mar e a vê-las encolherem e desaparecerem dentro do corpo da anémona. Muitas pessoas tiravam fotografias e filmavam as poças cheias de vida que faziam as crianças sonhar com aventuras como as que viam nos desenhos animados. Às vezes vinham algumas pessoas com vontade a arrancar os percebes, ou os mexilhões, as lapas, enfim levavam embora alguns dos amigos do morango-do-mar, o que o deixava sempre triste. Felizmente nas rochas estavam sempre a nascer novos mexilhões, lapas e percebes e claro Morangos-do-Mar, alfaces e bodelhas que cresciam tranquilas durante o Inverno.
E tu já brincaste com os Morangos-do-Mar?
Vê como o Marango-do-Mar brinca...